A medicina do futuro
A cirurgia robótica surgiu nos Estados Unidos, em 1985. O ano marcou o uso, pela primeira vez, do braço robótico (PUMA 560), para guiar a agulha em uma biópsia durante uma cirurgia neurológica. Os ingleses avançariam um pouco mais três anos mais tarde, ao retirarem uma próstata com o auxílio de um robô (PROBOT).
Em 2001 veio o grande salto tecnológico. Naquele ano, médicos americanos extraíram a vesícula biliar de um paciente, com um detalhe: Eles estavam nos Estados Unidos e o paciente em estava em Estrasburgo, na França.
Parte da evolução da cirurgia com robôs se deu com vistas à realização de operações a distância, sobretudo em locais em que há ausência de médicos, como nos campos de batalha.
Hoje, contudo, sabe-se que a presença do profissional junto ao paciente é fundamental para o estabelecimento de uma relação humanizada entre ambos.
No Brasil, a cirurgia robótica começou a ser praticada em 2008. É aplicada em especialidades como cirurgia geral e do aparelho digestivo, de cabeça e pescoço, ginecológica e cardíaca. Mas foi na urologia que a tecnologia vem ganhando cada vez mais espaço, justamente pelas inúmeras vantagens para médicos e pacientes, com excelentes resultados pós-operatórios. sE não há dúvidas: em pouco tempo, operar com robôs será, para o cirurgiões brasileiros, exigência das mais básicas.
A operação
A cirurgia robótica é uma sofisticação da laparoscopia – (técnica que pressupõe o uso de microcâmeras). A intervenção cirúrgica, nesse caso, é realizada por meio de um robô.
A máquina, contudo, não opera sozinha. Ela reproduz os movimentos do cirurgião, que comanda tudo de um console próximo à mesa cirúrgica. Um outro médico, o cirurgião auxiliar, fica ao lado do paciente para introduzir e trocar as pinças robóticas e realizar eventuais ajustes.
Esse tipo de operação traz diversas vantagens em relação à cirurgia aberta convencional, como visão estável, em três dimensões, aumentada em 15 vezes. Observa-se também maior liberdade e extrema precisão dos movimentos, que são realizados por um braço articulado.
O resultado é um pós-operatório com menos dores, inchaços e sangramentos, já que os cortes nesse tipo de procedimento são muito mais precisos. Riscos de sequelas como incontinência urinária e impotência sexual, por exemplo – comuns em cirurgias da próstata – também são reduzidos.
Principais aplicações da cirurgia robótica: urologia, ginecologia, gastroenterologia, cirurgias de cabeça e pescoço (retirada de tumores de boca e garganta; procedimento cirúrgico para tratamento da apneia do sono.), cirurgias pediátricas, entre outras.
O robô
A empresa americana Intuitive Surgical é a única fabricante de robôs cirurgiões em todo o mundo. O modelo mais atual disponível no mercado é o da Vinci Xi®.
O aparelho tem quatro braços mecânicos e estes, por sua vez, são equipados com endoscópios, selador de vasos, grampeador e emissor de laser.
O equipamento é controlado de um console, por meio de joysticks. O cirurgião manipula esses controladores com as mãos e pulsos naturalmente posicionados em relação aos seus olhos.
O sistema traduz imediatamente os movimentos das mãos, pulsos e dedos do cirurgião em ações precisas e em tempo real para as pinças cirúrgicas.
As lentes e telas do console permitem visão 3D, altamente ampliada, além de imagens por fluorescência.
Qualificação
Operar com robôs exige qualificação prévia. Há cursos de especialização disponíveis no Brasil e no exterior. Terminada a formação, o médico viaja aos Estados Unidos ou à Colômbia, onde recebe o certificado da Intuitive Surgical de que está apto a realizar cirurgias robóticas. Suas primeiras 20 cirurgias, porém, terão de ser acompanhadas por um profissional mais experiente.